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ilustração caravela

As coisas não ficaram boas também para o Cabral descobridor

O Brasil foi descoberto em 1500, e depois disso Portugal ficou 30 anos sem se preocupar com o que acontecia por aqui. As primeiras expedições colonizadoras somente se iniciaram a partir de 1530, com a instalação das capitanias hereditárias.

Nem mesmo Pedro Álvares Cabral ficou muito tempo em terras brasileiras. Sua missão principal era consolidar a conquista dos territórios na Ásia (as Índias), iniciada por Vasco da Gama. Passou por aqui porque era caminho: para dobrar o cabo da Boa Esperança, o ponto mais ao Sul da África. Os barcos a vela precisavam abrir a sua trajetória de modo a ultrapassar a barreira de correntes marinhas e ventos vindos da Antártica, já passando muito perto do Brasil. Aportou no que hoje é a Bahia, ficou 9 dias, mandou um barco de sua frota de volta para Portugal com as novidades, e seguiu a sua viagem, levando quase um ano para aportar em Calicute. Lá chegando, fez guerra durante alguns meses, e levou mais um ano para voltar à Portugal.

Como o resultado de sua missão nas Índias não foi dos melhores – perdendo posições e territórios – caiu em ostracismo e morreu esquecido em sua cidade, Belmonte, ao pé da Serra da Estrela, em Portugal. O fato de ter descoberto o Brasil não lhe melhorou muito a sorte.

Mas o que isso tudo tem a ver com o que acontece nas nossas empresas?

Primeira lição: não adianta realizar apenas parte da missão!

Partindo do princípio que lá em Portugal já se sabia do Brasil, “descobri-lo” era uma parte da missão; a outra, a mais importante por sinal, era consolidar os domínios portugueses nas Índias. Em resumo, Cabral fez uma parte – a mais fácil naquele momento – e falhou no principal. Ficou “queimado” com o chefe…

Segunda lição: passado não salva o seu futuro

Muita gente gosta de contar suas realizações, e o fazem como se tal fato fosse uma credencial para o que poderiam fazer no futuro. Bom, portfólio ajuda a mostrar conhecimento e capacidade de realização, mas se não vier acompanhado de ação, e se não terminar em resultado, de nada adianta. Em outras palavras: medalhas no peito servem para nada!

Contar histórias é bom para conquistar atenções no bar, ou com os netos. Nas empresas, o único caminho é colecionar resultados.

Terceira lição: nem sempre a vitória de hoje traz dividendos a tempo

Por isso, é preciso fazer bem feito até as tarefas menos importantes.

Como dito, o Brasil era uma pequena parte da missão daquela expedição. Ninguém se importou muito com a “descoberta”, o foco naquele momento era outro. Mesmo sem saber no que aquilo ia dar, ao menos no Brasil, Cabral fez tudo certo: fincou marcos da coroa portuguesa nas terras, travou contato com os índios e mandou uma das naus de sua frota de volta para Portugal com as notícias e todos os documentos produzidos aqui. Ainda enviou o fruto do comércio feito na terra nova: a nau levava ainda alguns índios (como convidados, e não escravos), pau-brasil, ouro, peles de onça, papagaios, e outros itens.

Foram 30 anos de esquecimento das terras brasileiras, mas o primeiro trabalho bem feito fez com que o caminho fosse inaugurado para futuras expedições, até que a exploração do Brasil passasse a ser o principal negócio de Portugal. O reconhecimento chegou tarde, mas hoje todos conhecem o navegador por um bom trabalho realizado quando nem ele sabia ao certo a razão daquilo.

Um cliente pequeno bem atendido pode indicar um grande; um favor que se faça pode abrir portas no futuro; e independentemente do motivo, se o trabalho tem a sua assinatura ou a da sua empresa, por mais singelo que pareça, precisa ser bem feito.

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